29/04/2009
2ª BIENAL DO LIVRO
"A leitura estimula o cérebro, tanto quanto as drogas", diz psiquiatra
O psiquiatra Jeziel da Silva Ramos, diretor da Casa de Eurípedes, proferiu palestra hoje (29), à tarde, na Arena Jovem da Bienal do Livro, sobre a Dependência Química na Juventude. Ao final de sua palestra, uma jovem perguntou qual a alternativa para estimular o cérebro que não seja as drogas. “A leitura”, respondeu o médico.
Segundo Jeziel, não se pode dissociar a experiência do jovem com a droga do processo de aprendizagem educativa e cultural. Ele justificou que a educação do jovem, hoje, não só a educação intelectual, mas a educação do jovem na sua totalidade, passa pelos estímulos aos bons hábitos, estímulos às artes, aos esportes. De acordo com o psiquiatra, um evento como a Bienal, de estímulo à leitura e ao mundo dos livros, deveria acontecer todos os meses. “Deveríamos ter uma Mensal do Livro de Goiás”, destacou.
Uma educação integral, segundo o médico psiquiatra, só pode ser erguida no tripé família, escola e sociedade. “Só a partir dessa base é que poderemos ter um processo educativo mais eficiente”, garantiu.
Durante o seu debate com os estudantes, na Arena Jovem, Jeziel da Silva Ramos disse a uma outra jovem, que questionava a respeito do crack ser ou não uma epidemia, que o crack destrói e mata mais hoje que qualquer evento ocasional, como a gripe suína por exemplo. Na sua visão, há uma espécie de tolerância da sociedade quanto ao uso das drogas que começa cada vez mais cedo e em maior escala.
No caso do crack, conforme destacou o psiquiatra, os prejuízos são rápidos para a saúde do usuário que também chega mais cedo ao consultório. Jeziel, que trata pacientes com distúrbios mentais, de dependentes químicos e outros com os dois problemas associados, disse que grande parte das doenças mentais é causada pelas drogas, entre elas a maconha, a cocaína e os psicoestimulantes, como o êxtase. É porque essas drogas agem diretamente no sistema nervoso central.
Segundo o médico, a maconha comercializada hoje tem alta concentração de THC, e essa substância é altamente indutora de surtos psicóticos. O álcool, conforme destacou Jeziel, é outro perigo. Ele é uma droga facilitadora para a entrada de outras drogas.
“Esse encontro com os jovens é sempre muito enriquecedor e deveria acontecer mais vezes", afirmou.
Goiânia, 29 de abril de 2009.