30/04/2009
2ª BIENAL DO LIVRO
Violência na escola começa em casa
O escritor e homenageado da 2ª Bienal do Livro de Goiás, Bariani Ortencio, falou à imprensa, logo após o corte da fita inaugural da Bienal, sobre a violência na escola e a repetência escolar. Segundo o escritor, é difícil falar de leitura num contexto em que as escolas, os professores, enfrentam tanta “falta de educação” nas suas rotinas. Para ele, a violência que está na escola vem de casa”.
E explicou: “O pai tem um menino encapetado em casa, leva para a escola, achando que é a escola que vai resolver o problema, mas não é. Professor não é domador de fera, não”. De acordo com Bariani, os pais é que devem educar, pôr limite, ensinar a respeitar os outros, preparar esse menino para ir para a escola. “Agora, ele não respeita nem os pais em casa, não vai respeitar a professora”, afirmou.
Uma das causas dessa violência em casa, segundo ele, é o distanciamento dos pais em relação aos filhos. Os pais trabalham, deixam os filhos com a televisão, a internet ou com as drogas. A criança não aprende a respeitar ninguém. “Eu mesmo já fui desrespeitado em sala de aula, quando fazia palestra para estudantes, é uma coisa muito feia, saí da sala sem terminar de falar”, lembrou.
Outro problema grave, segundo o escritor Bariani Ortencio, é o do aluno que tem nota baixa e passa de ano sem aprender, porque as leis do país obrigam as escolas a passá-lo de ano. “Nunca vi isso, agora não podem tomar bomba, aí vira um advogado que não sabe escrever, não sabe fazer uma petição”, disse o escritor. Segundo Bariani, essas leis estragam a educação, estragam o país. “Depois vêm esses resultados do Enem, que vocês podem conferir nos jornais”, completou.
A leitura é fundamental para mudar esse contexto, conforme explicou o escritor. Hoje, quando o professor manda dever de casa, as crianças e os jovens só copiam da internet e colam, não aprendem nada. “Para aprender, é preciso namorar as letras, ler, ler muito”, afirmou. Quando o aluno copia da internet e entrega para o professor, de acordo com Bariani, perde a chance de aprender, porque o professor sem tempo, também não vai ler o que ele entregar.
Para ilustrar essa sua preocupação com o dever de casa tirado da internet, Bariani Ortencio cita com orgulho o amigo, antropólogo e pesquisador Jadir Pessoa, que como professor não aceita trabalho de aluno a não ser escrito à mão. “Nem à máquina ele aceita e por conhecer a letra do aluno se um pai ou uma mãe quiser fazer o trabalho pelo filho também não vai dar certo”, disse ele.
Goiânia, 30 de abril de 2009.